A maternidade não é apenas um momento no tempo.

A maternidade é ancestral, ambivalente, não estrutural. 

A maternidade é de todos nós.



Mãe é, acima de tudo, uma investigação sobre a maternidade. É um convite a sonhar, negociar e expandir os horizontes do possível a partir de uma reflexão sobre como podemos descartar e desaprender as estruturas sociais que excluem as mães e invisibilizam seus deveres e responsabilidade no tocante ao cuidado de crianças e outros. Amor, carinho e cuidado não é um monopólio das mães. No entanto, a capacidade materna de nutrir vidas novas, de colaborar, de ouvir, de ser flexível e de perder parte de si sem perder sua integridade é algo que deve ser celebrado. Adotando uma definição heterogênea e interseccional de mãe, o projeto servirá como uma plataforma para artistas mães e artistas cuja prática abarca a maternidade.Mãe acolhe as lutas, os sonhos, as fantasias, os desejos e as preocupações que rodeiam a ideia e a imagem da maternidade, temas estes que muitas vezes são desqualificados no mundo da arte. A missão de Mãe é rejeitar as amarras institucionais impostas às mães, visando a encarnação da maternidade como potencial. 

A primeira edição do projeto aconteceu de 02 de julho a 6 de agosto na Kupfer, em Londres, contando com um total de 17 artistas, pais e não pais. O projeto segue para São Paulo, onde a 55SP organiza de 06 de agosto a 10 de setembro, Mãe, onde um novo grupo de 16 artistas - cujos trabalhos – entre pintura, escultura, imagem em movimento e performance – aborda a maternidade de diferentes ângulos. Mothering/ Mãe é um projeto de  Penélope Kupfer e acontece em São Paulo com curadoria adjunta de Julia Morelli.

Daqui por diante, o Mothering/Mãe continuará como plataforma e rede online, com a intenção de se tornar um evento anual e expandir para outras galerias e instituições em todo o mundo.

Ao abraçar uma definição heterogênea e interseccional de mãe – todos podem ser mães – Mothering/ Mãe é uma plataforma permanente para mães artistas e artistas cujas práticas se baseiam na maternidade. Acolhe as fantasias, lutas, sonhos, anseios e preocupações que (r)evoluem em torno das muitas ideias e imagens da maternidade. É um convite para sonhar, negociar e ampliar os horizontes do possível, refletindo sobre como descartar e desaprender estruturas sociais que excluem e prejudicam as mães e a maternidade.

O objetivo de Mothering é rejeitar as restrições profundas que definem a instituição da maternidade, enquanto aberta e corajosamente incorpora a maternidade como potencial criativo e radical.


Artistas Participantes

Bella + Fabia Schnoor

Brisa Noronha

Bruno Baptistelli

Carolina Cordeiro

Carole Gibbons 

Harriet Meynel

Ingrid Berthon-Moine

Laima Leyton + Pedro Kuster

Magda Bielesz

Mogli Saura

Monica Ventura + Barbara Millano

Penelope Kupfer

Thalita Hamaoui

Tonico Lemos Auad


Programação

Além da exposição no espaço da galeria, a programação pública inclui performances, palestras e programação online que pretendem desvendar a coexistência de maternidade e ser artista.


Confira o nosso programa de vídeos:

 
 

Fotos Ana Pigosso

 

Ação /Performance:

Jardim de Erê - Monica Ventura & Barbara Milano

Encerramento 10 de Setembro

Local: 55SP - Espaço C.A.M.A.

Abertura 

06 de Agosto 11h às 19h 

Período expositivo 

09 de Agosto a 10 de Setembro 


Sobre os artistas 

Bruno Baptistelli (n. 1985, São Paulo, Brasil). Seu trabalho é sobre as relações entre as pessoas e os espaços que elas ocupam. Ele está interessado em como os espaços e os elementos que os compõem – objetos, arquitetura, sociedade, linguagem – podem modificar essas relações. Trabalhando em diferentes ambientes, Bruno realiza principalmente trabalhos site-specific, misturando abordagens objetivas de um espaço com subjetivas e políticas baseadas na experiência direta.

BELLA (n. 1988, Rio de Janeiro, Brasil) é mãe e artista transdisciplinar e multimídia, com mestrado em Música, na área de Sonologia (USP). Investiga processos energéticos através da matéria, do som e da luz, com interesse pelo resgate de conhecimentos não validados, e da relação com a imaterialidade. Já assumiu diversas identidades, e atualmente me divido entre bellacomsom e bellavirus. Seus últimos trabalhos sob o codinome bellavirus, "Serpent-Screen" (2021) e "Espírito" (2022), estão em exibição pela galeria Guava + BICA plataforma e pela TAL- Arte e Tecnologia.

Fabia Schnoor (n. 1976, Rio de Janeiro, Brasil) é artista visual, pesquisadora independente e professora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage EAV-RJ. Participou de exposições, grupos de estudo e residências em diversos países (Brasil, França e Alemanha) entre as exposições recentes estão: Escola em Transe, com curadoria de Lisette Lagnado e Ulisses Carrilho, na EAV – RJ (2017) Bienal Internacional de Arte SIART - “LOS ORÍGENES DE LA NOCHE”, Bolívia (2018)  Sublime Ordinário, Espaço Cama – SP, com a 55SP e curadoria de Artur Lescher (2022).

Brisa Noronha (n. 1990, Belo Horizonte, Brasil). Vive e trabalha em São Paulo.

O trabalho de Brisa Noronha atua entre as relações de delicadeza e resistência da matéria, entendendo-a como um sujeito ativo no processo de criação. Suas experimentações são construídas tanto pela ação da artista quanto pela resposta – ingovernável - dos materiais, em que a vida sensível se revela. Seus procedimentos incorporam, na mesma medida, a ação intencional e o inesperado, deslocando a ideia da falha, do erro, para uma espécie de pedagogia da matéria, na qual nos dá

a ver seus processos constantes de reestruturação, vitais para a continuidade de qualquer organização viva.

A artista busca estar atenta às qualidades físicas daquilo que observa, com interesse na disposição dos objetos em cenas cotidianas e na estruturação de sistemas que a incitam a pesquisar experimentalmente a transformação dos materiais

e seus limites. Seu trabalho se desenvolve em diferentes suportes como pinturas, vídeos, fotografias e, em especial, a porcelana.

Carole Gibbons (n. 1935, Glasgow, Escócia) é uma pintora que vive em Glasgow, Escócia. Ela estudou na Glasgow School of Art 1958-62, onde importantes relacionamentos foram formados com os colegas pintores Alan Fletcher, Douglas Abercrombie e Alasdair Gray.

Os primeiros anos de formação foram passados a trabalhar em Espanha - Barcelona e Maiorca - e mais tarde na vida voltou a trabalhar na paisagem andaluza.

Ao longo de muitas décadas, ela expôs principalmente na Escócia, com obras na maioria dos museus públicos, incluindo a Galeria Nacional de Arte da Escócia, os museus de Aberdeen, Dundee e Glasgow, mas ela permanece em grande parte desconhecida fora de Glasgow. A primeira monografia de seu trabalho está atualmente em produção com a Galerie 5b.

Carolina Cordeiro (n. 1983, Belo Horizonte, Brasil) vive e trabalha em São Paulo. É sócia-fundadora da GDA - Galeria de artistas. Mostras individuais recentes: América do sal, GDA, São Paulo, (2021); Dizem que há um silêncio todo negro, Auroras, São Paulo/SP (2019); Há uma observação a ser feita, Edital de Exposições Centro Cultural São Paulo (2019); Una nit a 8.360km d’aquí, curadoria de Juan Canela, Galeria Àngels, Barcelona, Espanha (2018). Exposições coletivas recentes:  Obscura Luz, Galeria Luísa Strina, curadoria Kiki Mazzucchelli, SP; Semana Sim Semana Não - Paisagens, Corpos e Cotidianos entre um século, Casa Zalszupin, curadoria Germano Dushá, SP (2022); Lenta Explosión de una semilla, curaduria Isabella Lenzi, OTR, Madrid, Espanha (2020).Formação: Doutora pelo departamento de Artes da ECA/USP em Teoria, Ensino e Aprendizagem (2021); Doutorado Sanduíche PDSE/CAPES na Chelsea College of Arts em Londres (2020); Mestre em Linguagens Visuais pela EBA/UFRJ (2014); Graduada em Desenho pela EBA/UFMG (2008).

Harriette Meynell (n.1969, Oxford, Reino Unido) é uma artista multidisciplinar radicado em Londres que usa predominantemente som, instalação, desenho e fotografia. Seu trabalho centra-se em fachadas, limiares e barreiras – tanto reais como metafóricas, privadas e públicas. Para Meynell, nada é incondicional, nem mesmo o amor materno. Sua peça 'Playing House' (redigida), 2021 apresenta alguns dos pensamentos não ditos, desejos e sentimentos claustrofóbicos dos papéis femininos em casa. A instalação da cozinha 'Domestic Strata', 2022, é sobre o peso e o volume da vida atrás de portas fechadas. Ele revela as bordas das entradas do diário em andamento que começaram quando ela atingiu 50 anos.

Ingrid Berthon-Moine (n. 1975, Grenoble, França) artista visual multidisciplinar com sede em Londres, cujo trabalho examina a construção da identidade e seu impacto comportamental na sociedade. Em seu destemido vídeo Ma, 2009, Berthon-Moine confronta a ideia de falha materna. A artista explora ainda mais a exaustão emocional e os desafios diários que vêm com ser mãe em seus desenhos bem-humorados de PVC.

Magda Bielesz (n. 1977, Varsóvia, Polônia) trabalha com pintura, instalação, objetos, desenho e filme, além de projetos artísticos e sociais em espaços urbanos. Bielesz vê a maternidade como uma oportunidade de reviver a própria infância ao lado do filho que participa ativamente de suas performances. Na abertura da exposição, a artista e seu filho desenham juntos como parte de uma performance colaborativa.

Penelope Kupfer (n. 1974, Backnang, Alemanha) é uma artista visual cuja prática se concentra em questões de identidade, individualidade e família.  

Laima Leyton (n. 1977, São Paulo, Brasil) artista brasileira atualmente radicada em Londres. Sua prática funde música, performance e domesticação. O som é usado como ferramenta para contar histórias únicas que incluem elementos de interação com o público. 

Joey Bryniarska (n. 1981, Swindon, Reino Unido) uma artista britânica/polonesa baseada em Londres que trabalha principalmente com texto, fotografia e instalação. Seu trabalho analisa como narrativas de memória, censura, autonomia corporal e intimidade são construídas por meio de um emaranhado com a tecnologia. 

Mogli Saura (n. 1987, Pindorama, Brasil) é uma artista experimental que trabalha com performance, música, sinalização e dança. Seu trabalho se concentra em intervenções no espaço urbano, explorando os limites entre arte e vida, loucura e crime, particularmente em relação à raça, gênero e classe. A imagem em movimento ‘A pele é a mais profunda, 2022’ é um diálogo terno e íntimo entre uma mãe e uma filha em transição.

Mônica Ventura (n. 1985 São Paulo, Brasil) é artista visual e designer com Bacharel em Desenho Industrial pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) - São Paulo. Mestranda em Poéticas Visuais (PPGAV) pela ECA-USP - São Paulo.

Ventura atualmente pesquisa filosofias e processos construtivos de arquitetura e artesanato pré coloniais (Continente Africano - Povos Ameríndios - Filosofia Védica). Suas obras falam sobre o feminino e a racialidade em narrativas que buscam compreender a complexidade psicossocial da mulher afrodescendente inserida em diferentes contextos. Mulher negra, entoa sua memória corporal friccionando-a em sua ancestralidade a partir de histórias de sua vida e pesquisas. Em suas obras há um interesse especial pela cosmologia e cosmogonia afro - ameríndia para além do uso dos seus objetos, símbolos e rituais.

Thalita Hamaoui (n. 1981, São Paulo, Brasil) artista visual e pintora, seus trabalhos trazem invenções de paisagens que sugerem estados de espírito e simbologias ancestrais, que às vezes desaparecem soterradas por outras camadas de densidade, de tempo, figuras e cores. Outras vezes  perduram. Em suas pinturas em tecido Thalita traz um elo com sua infância, sua mãe e a casa em que ela cresceu, foram eles seu maior aliado para o período de confinamento durante a quarentena mais severa. 

Tonico Lemos Auad  nasceu em Belém, em 1968 e vive e trabalha em Londres. Em seu trabalho, Tonico explora o significado pessoal e cultural dos objetos e materiais, muitas vezes referenciando as tradições populares e a paisagem do Brasil e do Reino Unido. As metodologias empregadas em suas obras têxteis e em madeira incorporam uma variedade de técnicas artesanais, as quais conferem uma temporalidade estendida ao trabalho ao mesmo tempo em que propõem modos de produção alternativos ao modelo de hiperprodução e obsolescência programada do capitalismo avançado.

/ english below /

Mothering is not just a moment in time. 

Mothering is ancestral, ambivalent, unstructural. 

Mothering is all of us. 

It is when motherhood becomes a ready-made mantle that mothers are turned into their own ghosts. Yet, when open to its full range of possibilities, mothering is a fertile ground, a plentiful soil from which a multiplication of ideas and actions can flourish, including meditations on and responses to issues of freedom, desire, heritage, interdependence, inequality, hope, care, power, planetary health, reproduction rights, and choice. 

Mothering is a collective investigation into motherhood. 

By embracing a heterogeneous and intersectional definition of mother – everyone can mother – Mothering is a permanent platform for artist mothers and artists whose practices draw on motherhood. It welcomes the fantasies, struggles, dreams, longings, and concerns that (r)evolve around the many ideas and images of motherhood. It is an invitation to dream, negotiate and expand the horizons of the possible by reflecting on how to discard and unlearn social structures that exclude and undermine mothers and motherhood. 

The aim of Mothering is to reject the deep-seated constraints that define the institution of motherhood, whilst openly and bravely embodying mothering as creative and radical potential. 

The first edition of Mothering will take place from 25 June to 6 August at Kupfer, in Hackney, featuring a total of 11 artists, both parents and non-parents, whose works – including painting, sculpture, moving image and performance – approach motherhood from multiple angles. Then, from 06 August to 19 September, Mãe will move to 55SP in São Paulo, Brazil, where it will welcome a new group of artists. Moving forward, Mothering/Mãe will continue as an online platform and network, with the intention of becoming an annual event and expanding to other galleries and institutions worldwide. 

Participating artists

Tonico Lemos Auad

Bruno Baptistelli

Bella + Fabia Schnoor

Joey Bryniarska

Magda Bielesz

Carolina Cordeiro 

Thalita Hamaoui

Brisa Noronha 

Penelope Kupfer

Priscila Roxo 

Monica Ventura

Mogli Saura