ABERTURA DO MUNDO
jordi burch & ondjaki
A 55SP, plataforma cultural de artistas contemporâneos em parceria com a Verniz, apresenta Abertura do Mundo, de Jordi Burch, artista catalão-português e Ondjaki, escritor Angolano, a exposição abre no próximo sábado, 28 de outubro e fica em cartaz até 09 de dezembro e acontece simultaneamente no espaço da 55SP e na Verniz, ambos na Barra Funda.
O encontro dos artistas foi em 2009, a convite do Instituto Camões, acabaram de se conhecer, entraram em um pequeno carro e juntos viajaram a partir de Luanda rumo ao sul, milhares de quilômetros, a escrever e fotografar livremente, celebrando os laços culturais entre diferentes países e como disse Ondjaki a essa altura, se “viajar é descobrir e espreitar”, voltaram daquela viagem não somente com o registro daquela experiência traduzida em função da fotografia e escrita, trouxeram também uma amizade, uma parceria.
Quase 15 anos depois, a exposição “Abertura do mundo” celebra a cumplicidade desses artistas, que tratam-se hoje como: compadre, camarada ou irmão e não à toa tem tamanha sinergia ao criar imagens-estórias.
Ao visitar os notáveis conjuntos de habitação coletiva, multiétnicos e multiculturais de Álvaro Siza, que criaram verdadeiros lugares de vizinhança na Europa confrontando com fenómenos como a imigração, a guetização e a gentrificação das cidade, o olhar de Jordi capta muito além da arquitetura, mas sob ela os rastros e marcas da passagem do tempo, detalhes, que trazem os hábitos, os gestos, as marcas dos moradores que ali estão ou que ali passaram e é a delicadeza desses detalhes que Ondjaki complementa e interpreta.
Na série “Abertura do mundo” figuras rupestres brasileiras da Serra da Capivara Piauí - Brasil são remontadas dentro do ateliê do artista, mas são iluminadas com a luz encontrada nas cavernas de Portugal das figuras rupestres lá encontradas. Ao projetar sobre as imagens a luz do outro lado do atlântico, Jordi não só nos fala sobre transportabilidade, nos tira fronteiras e faz olhar sob diferentes ângulos, fazendo assim a história não ter uma visão única ou eurocêntrica e sim transpondo esses limites. Ondjaki ao intervir em cada página cria um livro, uma estória que traz luz e sombra, cumplicidade e segredos.
A consonância de ambos faz também o trabalho acontecer de forma oposta, de páginas escritas por Ondjaki, marcas deixadas em folhas em branco, provocações é agora Jordi quem busca as imagens que complementam cada página e assim nasce um livro-obra.
E uma vez que falamos de parceria, isso se estende ao geográfico e ao arquitetônico, as obras ocupam dois diferentes lugares, além do próprio espaço expositivo da 55SP, junto ao Espaço CAMA a exposição acontece simultaneamente no novo espaço da Verniz, antes ocupada por uma funilaria, a nova área tem 730 metros quadrados e pé direito chega a 8 metros de altura em seu ponto central. Lá as obras convivem com a criteriosa curadoria de mobiliário moderno, móveis industriais, e seleção de resgate histórico de nomes importantes do mobiliário brasileiro, transpondo assim barreiras entre os espaços de diferentes vertentes da arte ao convergir fotografia, escrita, poesia e arquitetura e convidar o público a circular pelo bairro da Barra Funda.
Jordi Burch
Jordi Burch, nasceu em Barcelona no ano de 1979, passa a viver em Portugal no ano 1981.
Estudou fotografia no Ar.Co– Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa.
Em 2008 passa a viver entre São Paulo e Lisboa.
Entre as suas atividades mais recentes destacam-se as exposições “neighbourhood” na Bienal de Arquitetura de Veneza (2017) e Centro Cultural de Belém, Lisboa (2018), “as durações do rasto” na Fundação Iberê Camargo, Brasil (2018), “furo“ na Janaina Torres Galeria, em São Paulo (2918), “ como coisa real por fora, como coisa real por dentro” na galeria das Salgadeiras, em Lisboa (2021), “para pendurar a palavra gravidade” em parceria com o escritor Ondjaki, Instituto Camões, Luanda (2022) e “como está o início depois do fim?” (2022) na Casa das artes, Porto.Tem dois livros publicado: como está o início depois do fim? pela editora Tinta da China e havia sol e éramos novos edição independente
Ondjaki
Nasceu em Luanda em 1977. É doutorado em Estudos Africanos (L’Orientale, Napoli/Itália). Prosador e poeta, também escreve para cinema. É membro da União dos Escritores Angolanos. Recebeu os prémios Sagrada Esperança (Angola, 2004); Conto – A.P.E. (Portugal, 2007); FNLIJ (Brasil, 2010 & 2014); JABUTI juvenil (Brasil, 2010); prémio José Saramago (Portugal, 2013) e prémio Littérature-Monde (França, 2016) com o livro “Os Transparentes”. Está traduzido para francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio e sueco. Ocasionalmente, é professor de escrita criativa. Em 2023 (Évora, Portugal), recebeu o prémio Literário Vergílio Ferreira pelo conjunto da sua obra.
55SP
A 55SP atua como plataforma cultural realizando projetos com artistas contemporâneos. Tem como princípio difundir a arte e fomentar novos colecionadores, para isso trabalhamos comissionando projetos e obras nos mais diferentes formatos, online ou offline. Atuando com a ajuda de curadores na produção de edições, múltiplos e livros de artista, em um acervo que se estende a publicação, objetos, esculturas, arte sonora como discos de vinil e outros meios. Realizamos exposições, performances, ocupações em espaços públicos, debates entre outros.
Verniz
Comandada por Fábio Matheiski, Paulo Bega e Luciano Tartalia, a Verniz é uma loja com curadoria cuidadosa que apresenta clássicos do design brasileiro ao lado de peças industriais e objetos inusitados. Para mais informações, acesse https://www.instagram.com/vernizsp/
55SP + Verniz
Data e horário do evento:
Abertura: 28 de outubro das 12h às 17h
Período expositivo: 28 de outubro a 09 de Dezembro
3a a 6a das 12h as 18h
Sabado das 12h as 17h
Locais:
55SP Rua Barra Funda, 897 (Espaço C.A.M.A)
Verniz: Rua Lopes Chaves, 243
Barra Funda